Um sargento da reserva da Polícia Militar e um professor de língua portuguesa foram presos nesta semana por crimes sexuais praticados contra adolescentes. O PM Antôno Joselito Coutinho Viana, 53, e o docente João Batista da Costa e Silva, 66, tiveram os mandados de prisão temporária expedidos após investigação iniciada no começo do mês.

Denominada operação “Kori”, a ação policial contou com apoio do grupo de combate FERA, da Polícia Civil. De acordo com a delegada Joyce Coelho, o policial foi localizado na rua 23, do conjunto Hileia, bairro Redenção, zona centro-oeste da cidade. Já o professor de Língua Portuguesa foi preso nas imediações da Secretaria de Estado de Educação do Amazonas (Seduc-AM), situada na segunda etapa do bairro Japiim, zona sul.

Investigações

Conforme a titular da DEPCA, as investigações em torno dos casos iniciaram no dia 3 de julho deste ano, após uma das vítimas, uma jovem que agora tem 19 anos, registrar Boletim de Ocorrência (BO) na especializada. Ela informou que as duas irmãs, duas adolescentes, de 14 e 15 anos, com deficiência intelectual, tinham sido abusadas pelos dois, em situações diferentes.

A jovem de 19 anos relatou, também, que conheceu o professor de Língua Portuguesa quando tinha 13 anos. A partir daí, o homem conheceu a família da jovem e passou a doar alimentos e dinheiro para a família. Na época, ele levou a adolescente para trabalhar como auxiliar de doméstica na casa dele e lá praticava os abusos sexuais. Posteriormente, o professor também passou a abusar das duas irmãs da jovem.

“É realmente um caso de abuso sexual crônico, tendo como vítimas três meninas da mesma família. Uma agora com 19 anos, e as outras com 14 e 15 anos. As duas menores de idade são pessoas com deficiência intelectual. Tudo iniciou com a mais velha. Ela relatou que, aos 13 anos, estava em uma situação de mendicância, pedindo nas ruas, quando foi abordada pelo professor, que ofereceu um emprego de auxiliar doméstica e, a partir disso, os abusos começaram no interior da casa”, explicou Coelho.

Ganhou confiança

Segundo a delegada, o sargento da PM trabalha nas proximidades da residência da família das vítimas, no bairro Santa Etelvina, zona norte. Por ser uma família em situação de mendicância, o homem ganhou a confiança da família, doando alimentos, roupas e, inclusive, dinheiro. A partir disso, o PM passou a abusar primeiro da irmã mais velha. Após ela sair de casa, ele iniciou os abusos nas outras duas adolescentes. O PM praticava os abusos em motéis.

“As meninas relataram que moravam perto do local onde o PM trabalhava e que iam buscar comida, doadas pelo policial militar, quando ele se aproximou da família e começaram os abusos. Os infratores não se conhecem. É uma investigação que está em andamento. Tomamos conhecimento de um caso típico de exploração sexual comercial, no qual pessoas se aproveitam da vulnerabilidade social dessas meninas para praticar os abusos em troca de comida, de peças de roupas”, destacou Coelho.

Investigação continua

A titular da DEPCA informou, ainda, que as investigações em torno do caso irão continuar. “Há uma terceira pessoa, que ainda está sendo investigada. Há indícios, também, que os pais das crianças tenham participação e provavelmente sejam indiciados. Apesar da família estar em situação de mendicância, acreditamos que os pais sabiam sim que as adolescentes estavam sendo abusadas”, finalizou Coelho.

Posicionamentos

Em nota, a Seduc-AM informou que João Batista da Costa e Silva era funcionário de uma empresa terceirizada e não atuava em sala de aula, sendo responsável por funções técnicas. A atual gestão da Seduc-AM repudia veemente qualquer tipo de comportamento que desrespeite a integridade de crianças e jovens, e possui uma forte política de prevenção e combate à violência e pedofilia nas escolas. A nota informa, ainda, que prestará todo apoio necessário às investigações para apuração do caso.

O Comando da Polícia Militar informou que o fato envolvendo o policial da reserva remunerada já está sendo apurado pela Diretoria de Justiça e Disciplina (DJD) da instituição. O comando da corporação enfatizou que Antônio Joselito não está mais no regime da ativa, mas que não exime o sargento de responder à instauração de um Inquérito Policial Militar (IPM).

Procedimentos

Antônio Joselito e João Batista serão indiciados por estupro de vulnerável, satisfação de lascívia e favorecimento da prostituição. Ao término das oitivas no prédio da DEPCA, o sargento da PMAM será levado para o Batalhão de Guarda da PMAM. Já o professor de Língua Portuguesa será conduzido ao Centro de Detenção Provisória Masculino (CDPM).

Fotos: Alailson Santos/PC-AM